A Fúria do vinil



"O que fazemos a um disco de vinil estragado?
Eu tenho dois e nunca tive a coragem de os deitar fora. Foram-me oferecidos porque mostrei entusiasmo pelos títulos. Iam para o lixo pois estavam estragados.
Um deles o Auberge do Chris Rea. Quebrado numa borda  levando o pedaço das duas primeiras músicas como se tivesse sido trincado. Já tinha algum gosto pela música dele e pegando na sua fabulosa e entusiasmante capa não resisti e fiquei com ele. Arranjei um quadro daqueles que servem para colocar os discos de vinil na parede e ali está ele logo por cima do gira-discos .
O outro é o Non stop erotic cabaret dos Soft Cell. Este é que eu chamo um disco bem picado. Em audição parece que chove torrencialmente e com trovoada. Só o ouvi uma vez e corajosamente a agulha lá aguentou aquela tormenta. Olho para a capa e irresistívelmente coloco junto dos outros. Capa emblemática, uma das melhores e mais famosas do apogeu do electro-pop dos anos 80. O que estará Marc Almond a tirar de dentro do casaco? Fico com a imagem em tamanho real como um quadro.
Conhecem alguém que pegue num CD e o exponha na parede? Um disco de vinil fica bem...muito bem...
A fúria do vinil é fiel."







Pedro Miguel Pombo



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