A História da Arte – XXIII: O Caso de Divje Babe



por Rui Serra e Moura

Não: este não é um caso policial, com um detective privado de hábitos tão maus como o aspecto, nem Divje Babe é uma qualquer “babe” de perdição, loira e misteriosa, sempre envolta numa névoa do fumo que extrai do cigarro que fuma por uma longa e fina boquilha. Não: Divje Babe é o mais antigo sítio arqueológico existente que se conhece na Eslovénia, e foi lá que em 1995 se encontrou um fragmento ósseo de cerca de onze centímetros, com dois orifícios alinhados, que uns pensam tratar-se de um pedaço de uma flauta Neanderthal, outros de uma flauta Cro-Magnon, e outros ainda, de uma qualquer outra coisa que não uma flauta. Faço notar que me referi a um sítio arqueológico “existente”, - porque os países da Europa Central foram varridos por duas guerras mundiais que como sabemos, destruíram muitíssimo património -, e que tive o cuidado afirmar “que se conhece”, - porque muito estará ainda por descobrir, bastando para isso pensar que o maior sítio arqueológico de arte rupestre a céu aberto em todo o mundo, foi descoberto há apenas vinte anos, um pouco por acaso, e esteve quase para ser submerso por uma barragem hidro-eléctrica … em Portugal. Mas para se ter uma ideia ainda mais precisa das dificuldades do estudo da História, posso acrescentar ainda no caso desta flauta eslovena de há quarenta e três mil anos atrás, que tanto do espécimen como do que se projectava como a totalidade ou integralidade do instrumento, foram feitos moldes e réplicas, em madeira e em osso de vários animais, tomografias computorizadas e toda uma baterias de experiências, e que ainda assim, a discussão entre arqueólogos, musicólogos e historiadores, permanece até hoje inconclusiva. Todavia, relembro que esse não é o caso quanto aos espécimenes de Hohle Fels em Schelklingen, e de Geisenklösterle perto de Blaubeuren, em Baden-Württemberg na Alemanha. Santinho, Feliz Ano Novo, não se constipem, 

e até breve.



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