A Fúria do vinil, gira-discos manuais.



" A fúria do vinil defende-se contra uma das suas peculiaridades.

Falamos de gira-discos manuais.

A agulha chega ao fim do disco, atravessa as últimas espiras, largas e fica refém da última que abraça a agulha, para que ela fique protegida do label de papel. Depois ai fica...fica...fica...toc...toc...toc...

Se ai a deixarmos por alguma razão não vem mal ao mundo. A agulha apenas tem o desgaste como se em audição. Irritante para alguns. 
Agradável e engraçado para quem sofre da fúria do vinil. Tal qual os antigos relógios de sala de pêndulo, ouvimos o ritmo do movimento. Tal qual o som dos carrís de um comboio em andamento numa viagem que queremos sem fim. Sentimos o ritmo do tempo a passar. 

Ajudou-nos a adormecer um destes dias, como o embalo da chuva que possamos ouvir de noite.
A fúria do vinil por vezes parece louca. "


Pedro Miguel Pombo


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