A História da Arte XXX



Antropologia etnocêntrica ou Etnocentrismo antropológico?
por Rui Serra e Moura


Para que não percamos o “fio à meada”, devo relembrar que o que aqui tratamos é de Música, - e mais concretamente de História da Música -, e que depois de termos feito uma pesquisa sobre a Arqueologia, a Linguística e a própria História, ocupamo-nos agora da Antropologia de âmbito cultural, e observamos a sua história e processo científico, dentro das limitações que o formato e o objectivo destes textos permite e compreende.

E se no anterior, sintetizei a origem europeia da Antropologia, e afirmei que mesmo na segunda metade do século passado, esta patenteava ainda uma “clara prerrogativa diferenciadora entre o antropólogo civilizado, e o “ (…) objecto de estudo “incivilizado, arcaico e primitivo, quando não selvagem”, conto neste vir agora a comprovar em definitivo esta tese, mais que não seja, pela simples constatação do facto de a enormíssima maioria dos autores e dos estudos de referência em Antropologia, terem origens europeias ou americanas.
Neste particular, devo elucidar que estas origens são sobretudo mas não apenas norte-americanas, já que alguns países da América Central (com o México à cabeça) e também da América do Sul (com destaque para o Brasil e a Argentina), têm vindo a apresentar uma crescente e significativa produção académica. 

Mas mesmo quando observamos estudos de referência de autores de outras origens, - por exemplo, indiana -, logo constatamos que a sua publicação é ou norte-americana ou europeia. Vejam-se os casos de Sen e Appadurai.
Quanto à referida “prerrogativa diferenciadora” no campo dos estudos etnográficos, posso avançar que esta é hoje uma realidade amplamente verificada e debatida, que difusa ou explicitamente, em maior ou menor grau, se pode observar mesmo em etnografias marcantes e referenciais como por exemplo as de Meade em Samoa, ou as de Barth no Balochistão.

E é esta asserção do etnocentrismo que importa reter, … e aprofundar brevemente.
Até lá.

PS- E já lá vão 30 textos! Espero que estejam a gostar.
Eu pelo menos estou: a gostar … e pronto para mais trinta.


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