O Estado da Arte XXXVIII




Votos, queixas e empreitadas
por Rui Serra e Moura

Neste novo ano que agora começa, começo eu também por desejar a todos um Feliz Ano Novo.
(Atendendo ao novo inquilino da Casa Branca - a americana, não a alentejana -, acho que bem precisamos). 

E reparem que o faço sem guardar qualquer azedume por ninguém me ter perguntado sobre o que é que fazia ali, na fotografia que acompanhava a minha anterior publicação, um bilhete para os Foo Fighters.
Naturalmente, tratava-se de uma sugestão para uma prenda natalícia, acaso algum dos meus prezados leitores me quisesse endereçar alguma. E por meus prezados leitores compreendo como já disse, a minha mãe – por devoção -, a minha mulher – por obrigação -, e já nem sequer o meu filho, mesmo se devidamente subornado. Adiante.

Preparava-me então eu, - antes desta quadra festiva que passou -, para desancar nesta ideia fútil e estapafúrdia mas muito mediatizada da “Indústria Musical”. É assim com prazer que retomo a empreitada.
Ora vejamos: já aqui tive oportunidade de ilustrar a não existência de uma, mas sim de várias indústrias musicais; e também já tive oportunidade de repudiar a circunscrição desta à de cariz editorial ou fonográfico. Até porque se bem atentarmos, no “Grande Esquema das Coisas”, - leia-se ao longo da história -, esta é pouco mais que episódica.

Como poderia eu, que nos dois anos anteriores, estive “p’ráqui” a gastar o meu latim, a esforçadamente procurar aferir e demonstrar a antiguidade da Música, aceitar com complacência que se fale assim em “indústria musical”, - no fundo, de uma coisa que apenas tem de existência cinco ou seis décadas -, quando acabo de afirmar que a Música (e pelo menos alguma indústria, portanto) existe há mais de quarenta?
E não, não são quarenta décadas nem sequer quarenta séculos; são mesmo quarenta milénios!

Até breve.


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