O Estado da Arte – XV


Muito e mal, pouco e bem, melhor ou pior?
por Rui Serra e Moura

Em tom de resenha, para fazer um ponto de situação, e encerrar de vez este capítulo, irei hoje relembrar a todos aqueles que aqui me acompanham, - isto é, a minha mãe, a minha mulher, e quando recebe incentivos monetários, o meu filho -, como recentemente contei umas histórias da minha vida, do meu avô, e de alunos meus, para ilustrar a diferença crucial entre a forma como hoje e num passado não assim tão distante, a música é percepcionada, fruída e acedida.
A gratuitidade e a acessibilidade extremas que hoje temos, podendo não ser em si mesmo nefastas ou condenáveis, são pelo menos muito contrastantes com a realidade vivida há apenas duas ou três gerações. E também já aqui ilustrei como ouvir muita música, não significa necessariamente ouvir bem; bem pelo contrário! A ideia que fica é que a música é hoje algo descartável, mas quero salientar que só o é, na medida em que todos e cada um de nós assim a percepcionarmos, e assim o permitirmos. Também já aqui abordei as diferenças entre obras de arte, enlatados industriais, e até utensílios musicais. A dita “Industria” é responsabilizada por nos servir na gamela dos “mass media”, aquilo que entende que é o desejo musical das massas populares. Mas donos da capacidade de livre arbítrio, cabe a cada indivíduo a decisão de escolha de o quê, onde, e como quer ouvir. Ou seja, a Música é tão descartável e gratuita quanto nós a fizermos, e para mim é claro que quanto mais o fizermos, menos a amamos. Até breve.


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