A História da Arte – XXII



Flautas e Enchidos
por Rui Serra e Moura

E o que são flautas? Basicamente, são assim uma espécie de uns tubos com uns buracos em que devemos pôr os dedos, e soprar por 
um lado para o som sair pelo outro, não é? É assim mais ou menos como os enchidos: de um lado entra o porco, do outro sai o chouriço, certo? Errado. Não é nada disso. 
A descrição é rudimentar e imprecisa; a analogia é castiça mas inapropriada. A flauta é um instrumento musical, da família dos aerofones ou instrumentos de sopro, e numa orquestra sinfónica, da classe das madeiras, mesmo se feita totalmente de prata. 

Mas, como diria uma famosa celebridade, “isso agora não interessa nada”. O que interessa é que recentemente, entre 2008 e 2012, foram descobertos em grutas perto de Blaubeuren e de Schelklingen no sul da Alemanha, artefactos arqueológicos que se concluiu serem as mais antigas flautas até agora encontradas, cuja datação de alta resolução feita pelo verdadeiramente famoso carbono 14, remeteu a sua idade para há quarenta e dois ou quarenta e três milénios atrás. 
Se mesmo a propósito, nesta quadra natalícia, pensarmos que Jesus Cristo terá nascido há apenas dois milénios, teremos uma boa ideia da real dimensão da antiguidade destas flautas, que tipicamente, são ossos de animais, mais ou menos longos, perfurados com alinhamento e distanciamento regular, cuja medula óssea terá sido removida, e assim sido tornados cavos.

Anteriormente, numa outra gruta, desta feita perto de Cerkno, na Eslovénia, foi descoberto em 1995, um outro fragmento ósseo, com datação e características idênticas aos acima descritos. Serão assim estes os artefactos arqueológicos de maior antiguidade conhecida, que comprovam a existência de manifestação musical no paleolítico. Ou será que não? 
Até breve.

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